Ao ouvir essa notícia, o rei de Nínive levantou-se de seu trono, despiu o manto, vestiu-se de saco e sentou-se em cinzas. Então ele proclamou que ninguém na cidade poderia degustar nada e que nenhum boi, ovelha ou qualquer outro rebanho poderia pastar ou beber água. Homens e animais deveriam se cobrir de sacos; as pessoas deveriam fazer súplicas sinceras a Deus. O rei também proclamou que cada um deles se afastaria de seus caminhos maus e abandonaria a violência em suas mãos. A julgar por essa série de ações, o rei de Nínive teve um arrependimento verdadeiro em seu coração. Essa série de ações que ele tomou — levantando-se de seu trono, descartando seu manto de rei, vestindo-se de saco e sentando-se em cinzas — diz às pessoas que o rei de Nínive estava pondo de lado seu status real e vestindo-se de saco ao lado das pessoas comuns. Ou seja, o rei de Nínive não ocupou seu posto real para manter seu mau caminho ou a violência em suas mãos após ouvir o anúncio de Deus Jeová; ao contrário, ele pôs de lado a autoridade que tinha e se arrependeu diante de Deus Jeová. Nesse momento, o rei de Nínive não estava se arrependendo como rei; ele havia se colocado diante de Deus para se arrepender e confessar seus pecados como um súdito comum de Deus. Além disso, ele também falou para toda a cidade se arrepender e confessar seus pecados perante Deus Jeová da mesma maneira que ele fizera; adicionalmente, ele tinha um plano específico de como fazer isso, conforme visto nas Escrituras: “Não provem coisa alguma nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas; não comam, nem bebam água; […] e clamem fortemente a Deus; e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos”. Como governador da cidade, o rei de Nínive possuía status e poder supremos e podia fazer tudo que desejasse. Quando deparado com o anúncio de Deus Jeová, ele poderia ter ignorado o assunto ou simplesmente se arrependido e confessado seus pecados sozinho; quanto a se as pessoas da cidade escolhessem se arrepender ou não, ele poderia ter ignorado completamente o assunto. Contudo, o rei de Nínive de forma alguma o fez. Ele não só se levantou de seu trono, vestiu-se de saco e cinzas, se arrependeu e confessou seus pecados diante de Deus Jeová, mas também ordenou que todas as pessoas e rebanhos dentro da cidade fizessem o mesmo. Ele até ordenou às pessoas: “clamem fortemente a Deus”. Por meio dessa série de ações, o rei de Nínive realizou de fato aquilo que um governador deveria realizar. Sua série de ações é algo que era difícil para qualquer rei da história humana alcançar e, de fato, nenhum outro rei alcançou essas coisas. Essas ações podem ser chamadas de inéditas na história humana e são dignas de ser tanto comemoradas quanto imitadas pela humanidade. Desde o surgimento do homem, todo rei havia levado seus súditos a resistir e a se opor a Deus. Ninguém jamais havia levado seus súditos a suplicar a Deus a fim de buscar redenção para sua malícia, receber o perdão de Deus Jeová e evitar a punição iminente. O rei de Nínive, porém, foi capaz de levar seus súditos a se voltarem para Deus, a deixarem seus respectivos maus caminhos para trás e a abandonarem a violência em suas mãos. Além disso, ele também foi capaz de pôr de lado o seu trono e, em contrapartida, Deus Jeová teve uma chance de considerar e sentou remorso, retirando a Sua ira e permitindo que as pessoas da cidade sobrevivessem, guardando-as da destruição. As ações do rei só podem ser chamadas de milagre raro na história humana e até de exemplo modelar da humanidade corrupta se arrependendo e confessando seus pecados diante de Deus.
Após ouvir a declaração de Deus, o rei de Nínive e seus súditos realizaram uma série de ações. Qual foi a natureza dessas ações e do comportamento deles? Em outras palavras, qual foi a essência da conduta deles em sua totalidade? Por que eles fizeram o que fizeram? Aos olhos de Deus eles haviam se arrependido sinceramente, não apenas porque haviam feito súplicas sinceras a Deus e confessado seus pecados diante Dele, mas também porque haviam abandonado sua má conduta. Eles agiram dessa maneira porque, após ouvirem as palavras de Deus, ficaram incrivelmente atemorizados e creram que Ele faria conforme dissera. Ao jejuarem, vestirem-se de saco e sentarem-se em cinzas, eles desejaram expressar a disposição deles para reformarem seus caminhos e se absterem da malícia, e oraram para Deus Jeová restringir Sua raiva, suplicando-Lhe para revogar Sua decisão e a catástrofe que caía sobre eles. Se examinarmos todo o comportamento deles, podemos ver que eles já entenderam que seus atos perversos anteriores eram detestáveis para Deus Jeová e podemos ver também que eles entenderam a razão por que Ele logo os destruiria. Por isso, eles todos desejaram fazer um arrependimento pleno, desviar de seus caminhos maus e abandonar a violência em suas mãos. Em outras palavras, uma vez que se tornaram cientes da declaração de Deus Jeová, cada um deles sentiu temor no coração; eles descontinuaram sua conduta perversa e não cometeram mais aqueles atos que eram tão detestáveis para Deus Jeová. Adicionalmente, suplicaram para Deus Jeová perdoar seus pecados passados e não os tratar conforme suas ações passadas. Eles estavam dispostos a nunca mais se envolver em malícia e a agir de acordo com as instruções de Deus Jeová, se ao menos fosse possível nunca mais enfurecer Deus Jeová. O arrependimento deles era sincero e completo. Ele vinha do fundo do coração deles e não era fingido, nem transitório.
Uma vez que todas as pessoas de Nínive, do rei aos homens do povo, souberam que Deus Jeová estava bravo com elas, Deus podia ver clara e explicitamente cada uma das ações subsequentes e a conduta delas em sua totalidade, bem como cada uma das decisões e escolhas que elas tomaram e fizeram. O coração de Deus mudou de acordo com o comportamento delas. Qual era o estado de espírito de Deus naquele exato momento? A Bíblia pode responder essa pergunta para você. As seguintes palavras foram registradas nas Escrituras: “Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho, e Deus Se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez” (Jonas 3:10). Embora Deus tenha mudado de ideia, não havia nada de complicado em relação a Seu estado de espírito. Ele simplesmente passou de expressar Sua raiva a acalmar Sua raiva e depois decidiu não trazer catástrofe sobre a cidade de Nínive. A razão pela qual a decisão de Deus — poupar os ninivitas de catástrofe — foi tão rápida é que Deus observou o coração de cada pessoa de Nínive. Ele viu o que eles tinham no fundo de seu coração: seu sincero arrependimento e confissão de seus pecados, sua sincera crença Nele, seu profundo senso de como seus atos perversos haviam enfurecido o Seu caráter e o temor resultante da punição iminente de Deus Jeová. Ao mesmo tempo, Deus Jeová também ouviu suas orações, que vinham do fundo de seu coração, suplicando a Ele para não ficar mais bravo com eles, de modo que pudessem evitar essa catástrofe. Quando Deus observou todos esses fatos, pouco a pouco a Sua raiva esmoreceu. Independentemente de quão grande a Sua raiva havia sido anteriormente, Seu coração foi tocado quando Ele viu o arrependimento sincero no fundo do coração dessas pessoas e então Ele não pôde suportar trazer catástrofe sobre elas e Ele deixou de ficar com raiva delas. Antes, Ele continuou a estender Sua misericórdia e tolerância para com elas e continuou a guiá-las e a provê-las.
A mudança de intenções de Deus em relação às pessoas de Nínive não envolveu hesitação nem nada que fosse ambíguo ou vago. Antes, foi uma transformação de pura raiva para pura tolerância. Essa é uma verdadeira revelação da essência de Deus. Deus nunca é irresoluto nem hesitante em Suas ações; os princípios e propósitos por trás de Suas ações são todos claros e transparentes, puros e irrepreensíveis, absolutamente sem ardis ou esquemas neles entremeados. Em outras palavras, a essência de Deus não contém trevas nem perversidade. Deus ficou bravo com os ninivitas porque seus atos perversos haviam chegado a Seu olhar; naquela época a Sua raiva provinha de Sua essência. Contudo, quando a raiva de Deus se dissipou e Ele concedeu Sua tolerância ao povo de Nínive mais uma vez, tudo que Ele revelou ainda era a Sua essência própria. Essa mudança toda foi devida a uma mudança de atitude do homem em relação a Deus. Durante todo esse período de tempo, o caráter inofendível de Deus não mudou, a essência tolerante de Deus não mudou e a essência amorosa e misericordiosa de Deus não mudou. Quando as pessoas cometerem atos perversos e ofenderem a Deus, Ele trará a Sua raiva sobre elas. Quando as pessoas se arrependerem verdadeiramente, o coração de Deus mudará e a Sua raiva cessará. Quando as pessoas continuarem teimosamente a se opor a Deus, a Sua raiva será incessante e a Sua ira as oprimirá pouco a pouco até que sejam destruídas. Essa é a essência do caráter de Deus. Independentemente daquilo que Deus expressa de Seu caráter — seja Sua ira ou Sua misericórdia e benignidade — isso depende da conduta e do comportamento das pessoas, bem como de sua atitude em relação a Deus no fundo de seu coração. Se Deus sujeita continuamente alguém à Sua raiva, o coração dessa pessoa sem dúvida se opõe a Deus. Como nunca se arrependeu verdadeiramente, não baixou a cabeça perante Deus nem possuiu crença verdadeira em Deus, essa pessoa nunca obteve a misericórdia e a tolerância de Deus. Se alguém com frequência recebe o cuidado de Deus, a Sua misericórdia e a Sua tolerância, então, sem dúvida, essa pessoa tem crença verdadeira em Deus em seu coração e seu coração não se opõe a Deus. Com frequência, essa pessoa se arrepende verdadeiramente perante Deus; portanto, mesmo se a disciplina de Deus com frequência cair sobre essa pessoa, a Sua ira não cairá.
Esse breve relato permite que as pessoas vejam o coração de Deus, vejam o realismo de Sua essência, vejam que a raiva de Deus e as mudanças de Suas intenções não são sem causa. Apesar do absoluto contraste que Deus demonstrou quando estava irado e quando mudou Seu coração, que faz com que as pessoas creiam existir uma grande desconexão ou contraste entre estes dois aspectos da essência de Deus — a Sua raiva e a Sua tolerância —, a atitude de Deus em relação ao arrependimento dos ninivitas mais uma vez permite que as pessoas vejam outro lado do verdadeiro caráter de Deus. A mudança de coração de Deus realmente permite que a humanidade veja mais uma vez a verdade da misericórdia e da benignidade de Deus e veja a verdadeira revelação da essência de Deus. Só o que a humanidade tem a fazer é reconhecer que a misericórdia e a benignidade de Deus não são mitos nem são invencionices. Acontece que o sentimento de Deus naquele momento era verdadeiro e a mudança de coração de Deus era verdadeira — Deus de fato concedeu Sua misericórdia e tolerância à humanidade mais uma vez.
Houve alguma contradição entre a mudança de coração de Deus e a Sua ira? É claro que não! Acontece que a tolerância de Deus naquela época específica tinha a sua razão. Que razão poderia ser essa? É aquela dada na Bíblia: “Cada um se converteu do seu mau caminho” e “abandonou a violência em suas mãos”.
Esse “mau caminho” não se refere a um punhado de atos malignos, mas à origem maligna da qual o comportamento das pessoas brota. “Converter-se do seu mau caminho” significa que aqueles em questão nunca mais cometerão essas ações. Em outras palavras, elas nunca mais se comportarão dessa forma maligna; o método, a fonte, o propósito, o intento e o princípio de suas ações, todos mudaram; elas nunca mais usarão aqueles métodos e princípios para trazer prazer e felicidade ao coração. O “abandonar” em “abandonar a violência em suas mãos” significa largar ou deixar de lado, romper completamente com o passado e nunca voltar atrás. Quando as pessoas de Nínive abandonaram a violência em suas mãos, isso provou e representou o seu verdadeiro arrependimento. Deus observa a aparência externa das pessoas, bem como o coração delas. Quando Deus observou o verdadeiro arrependimento no coração dos ninivitas sem questionar e também observou que eles haviam deixado seus caminhos maus e abandonado a violência em suas mãos, Ele mudou o Seu coração. Ou seja, a conduta, o comportamento e as várias maneiras de fazer as coisas daquelas pessoas, bem como sua verdadeira confissão e arrependimento de pecados no coração delas, fizeram Deus mudar o Seu coração, mudar as Suas intenções, retirar a Sua decisão e não as punir nem as destruir. Assim, as pessoas de Nínive alcançaram um desfecho diferente por si mesmas. Elas redimiram a própria vida e ao mesmo tempo ganharam a misericórdia e a tolerância de Deus, momento em que Deus também retirou a Sua ira.
A Palavra, vol. 2: Sobre conhecer a Deus, “O Próprio Deus, o Único II”